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Equipe:

Autor: Nicolas Ribeiro

Uma Fogueira e um Mistério

Televisão por assinatura, Netflix, jogos eletrônicos, redes sociais... Tudo isso não atraia a família Fernandes. O que os realmente interessava era se reunir em volta de uma fogueira e aquecerem seus corações com antigas histórias contadas pelo membro mais antigo da família: o Avô Joaquim. Detetive aposentado e um dos moradores mais antigos da cidade, sempre tinha uma boa história para contar. Todos ficavam vidrados e atentos a cada detalhe mencionado em sua narrativa.

Joaquim olha para todos os familiares ao seu redor, respira fundo, toma fôlego, como se estivesse buscando em sua memória uma boa história para contar. Decide então, relatar uma de suas experiências mais inusitadas que ocorreram naquela pequena cidade, e começa a contar:

“Um mistério. Uma vida. Uma morte. Um criminoso... Coisas desse tipo acontecem todos os dias, em todos os lugares do mundo. O que ninguém imaginaria, é que aconteceria tão próximo de nós.

Em um casarão bem afastado da zona urbana, ocorreu a morte de um homem que se chamava Carlos Rodrigues.

Foi aí que entraram em contato comigo. Estava apenas há 5 anos na carreira e sempre fui muito dedicado e atento nas investigações.

Quando cheguei ao local da morte analisei o corpo da vítima e percebi que havia marcas de sangramento do lado da boca. Logo, cheguei à conclusão de que a vítima morrera por envenenamento.

Ao examinar melhor o cômodo do casarão em que Carlos falecera, achei um frasco que, possivelmente, seria o do veneno. Mandei a perícia analisar o sangue da vítima para descobrir qual foi o tipo de substância que a matara e pedi para investigar as digitais que estavam presentes no frasco.

O resultado do exame sanguíneo entregue pela perícia detectou que o veneno utilizado foi de uma cobra. Será que se trata de um assassinato? Ou será um suicídio?”

Interrompendo a fala do avô, Rafael, o caçula, disse:

“Vovô, eu acho que se trata de assassinato, mas não tenho certeza.”

Contrariando o mais novo, André, o primogênito, disse:

“Não, avô. Eu tenho quase certeza que foi um suicídio”.

Escutando a palpite dos netos, o avô prossegue com a narrativa:

“Ao chegar o resultado da análise da digital do frasco, a hipótese de suicídio foi descartada. A digital correspondia à do irmão de Carlos, que se chamava Marcos Rodrigues.

Marcos era o meu único suspeito. Fui à casa dele para interrogá-lo. Após várias indagações, descobri que o investigado criava cobras e que uma delas possuía o veneno encontrado no sangue da vítima.”

Após isso, Rafael indaga:

“Viu só, vovô. Eu acertei!”

O avô, após fazer uma pausa e tomar um gole de seu café, continua:

“Todas as pistas apontavam para Marcos. Fui checar a ficha criminal do suposto assassino: não havia nada. Intrigado, solicitei o auxílio de um policial, e juntos descobrimos que o suspeito havia falsificado sua ficha criminal.”

“Você é incrível vô! Mas e agora? Qual foi o passo seguinte?”, diz Murilo aproximando-se de seu avô.

“Após essa descoberta, fui à casa de Marcos. Porém, assim que ele avistou meu carro, fugiu pela porta dos fundos de sua casa. Então saí do veículo e corri em sua direção. Foi aí que a perseguição havia iniciado. O suspeito tentou despistar-me correndo em direção a um beco úmido e muito escuro. Derrubou latas de lixo e garrafas de vidro no chão, o que gerou um grande barulho e uma grande distração. Tais ações fizeram com que eu me distanciasse do suspeito. Para recuperar o tempo perdido, virei a esquina e peguei um atalho, que consistia em um espaçamento bem estreito entre duas casas, que somente um morador da cidade e uma pessoa curiosa como eu, teria conhecimento. Enfim, o alcancei e o surpreendi, tendo a oportunidade de prendê-lo.

Com isso, o processo de investigação foi concluído. Marcos foi levado à delegacia e sua prisão foi decretada.”

Após concluir a narrativa, o avô diz:

“E aí, meus netos? Gostaram da história de hoje?”

E a resposta foi unânime. Ela estava bem clara pelo sorriso estampado no rosto de todos.

E simultaneamente todos perguntam ao avô qual será a próxima história, porém o avô diz:

“Ahhhh meus queridos, essa eu deixo para o nosso próximo encontro”.

Fim