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Equipe:

Autora: Maria Eduarda Orsi

A Cerca

Enfim, 18 anos. A ansiedade de ficar maior de idade - pela sociedade - é maior que tudo. Ter o próprio carro (essa é a pretensão), finalmente ser responsável pelo próprio dinheiro, ou até mesmo assinar os próprios documentos.

Se iria ser uma grande recordação, eu não sei. Mas para ELAS, foi... Teve uma grande festa, em uma chácara para ser mais exato. Havia planejado tudo, minhas tias me ajudaram. Teve churrasco que se estendeu por mais ou menos 3 dias.

No começo da segunda tarde, vários de ressaca, mas a festa não parava. Música alta e duas casas disponíveis para acomodar todos. Por volta das 6 da tarde, um grupo de crianças saiu para ir brincar na casa de repouso dos convidados, estava vazia, afinal, todos estavam na “farra” com o churrasco e as bebidas. Todas avisaram os pais, por mais que não fosse longe, tinha um caminho deserto – apenas mato e a lua entre o corredor – além, das duas adolescentes mais velhas que prometeram que cuidariam de todos, não teria o que dar errado.

E assim, foram. Demoraram um pouco, uma mãe até ligou no celular de uma das adolescentes, disse que estava tudo bem, não havia com o que se preocupar, só estavam jogando conversa fora e jogando UNO...

Tarde da noite a maioria já estava confiante que seguia tudo em ordem com as crianças. E então, surge um grito. Já sabia de quem tinha vindo o mesmo – Pedrinho, o único menino do grupo das crianças -, só não imaginava qual era a situação. Pedro tinha uma imaginação fértil, então não me preocupei tanto, afinal só houve um único grito durante os seguintes minutos. Mais ou menos 3 minutos se passaram e vejo o grupo correndo em direção a área de churrasco, estavam correndo com uma expressão assustada, vindo daquele breu onde nem a luz da lua conseguia iluminar o caminho. Enfim chegaram, as mais novas chorando de desespero, e as mais velhas, tentando explicar o ocorrido.

Explicaram-se: não havia uma luz se quer, baterias dos celulares esgotadas, não havia sinal nem na parte mais alta do telhado, tiveram que se organizar para a partida da casa de repouso de uma forma estratégica onde não acontecesse nada com nenhum, um grande trabalho em equipe, comentei. Tudo estava normal assim que passaram pela primeira porteira, era feita de tabuas de madeira bem pesadas, mas a intenção dela estar ali não era cobrir a visão de quem estava do outro lado, apenas, não deixar os animais passarem de um terreno para o outro. Assim que grande parte do grupo já tinha passado, Pedro avistou uma alta entidade rente a cerca enquanto a última criança passava, mas ele não havia percebido sua presença quando passou – em primeiro – logo, as outras perceberam também e chegaram a conclusão quer não se parecia com um poste, era alto, era magro, aparentava usar uma roupa – um terno para ser mais exato -, pois grande parte do seu corpo estava disfarçada na escuridão, mas dava para sentir seus olhos as-encarando. E foi dali que saiu o grito de Pedro, o garotinho ficou tão assustado que saiu correndo o mais rápido que pôde, deixando até seu chinelo sair do pé e largar no meio do corredor. Consequentemente as outras foram também, porque ele não foi o único que teria visto a entidade.

Voltamos no dia seguinte para ver qual era a tal entidade, as crianças ficaram tão assustadas que grande parte delas nem dormiram a noite... A maioria das mães foram reconhecer o tal “poste branco” e Pedro havia ido procurar seu chinelo do pé direito que tinha largado no meio do caminho. Chegando lá, era como se tudo que tinham contado fosse delírio das cabeças das crianças, nem o chinelo do Pedro encontraram, como se nada tivesse acontecido... esperaram até a noite para ver se a tal entidade aparecia, e nada. Como se fosse imaginação...

Fim